20.9.16

O RPG como evento na cidade e os jogos de RPG e Wargame como Negócio - A Veja Rio junho 1997

Hoje, com a facilidade que dispomos oferecida pela internet, quase não entendemos a necessidade dos periódicos que circulavam nas décadas anteriores. 

Se você quisesse se informar sobre os últimos lançamentos do seu hobby, se quisesse estar por dentro das tendências e da linguagem própria de cada "tribo" você tinha que ler revistas, jornais, fanzines, etc, e claro, frequentar os eventos relacionados, tudo que pudesse acrescentar alguma coisa ao seu cabedal de conhecimento.

Hoje essas informações ainda estão por aí, ainda estão presentes, mas a maneira como elas nos são apresentadas mudou, sites, blogs, canais de vídeo, todos esses meios nos aproximam hoje daquilo que gostamos ou dos produtos e serviços que a sociedade considera importantes e que são vinculados a nossa vida digital através dos dispositivos eletrônicos pelos grande e monstruosos big datas que monitoram cada clique e cada demonstração de interesse que damos na grande rede.

Aqui temos mais um registro do RPG no Brasil da década de 90, quando ainda precisávamos correr atrás da informação de forma orgânica, no papel. Essa matéria apresenta a maneira como a revista Veja no caso a Veja Rio, apresentava esse conteúdo para seu público leitor, interessante, a despeito da visão da jornalista e da proposta da revista é ver os depoimentos dos jogadores e conhecer os projetos citados que aconteciam na época, como o Rio By Night e a RPG Rio.




A inclusão das atividades relacionadas aos jogos de RPG no Rio de Janeiro tomou um caminho cultural bastante interessante, as reuniões do Rio By Night, por exemplo, aconteciam no maravilhoso Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro, que abriu espaço para que jogadores de todas as idades e interesses utilizassem seu espaço para suas atividades, aproximando cultura, lazer e o hobby.




O Magic The Gathering, considerado por alguns um vilão em relação ao interesse reduzido pelos jogos de RPG, se estabeleceu como um novo hobby entre o publico jovem, e vem dividindo espaço com ele até hoje nos hobby shops e lojas especializadas.




Dentre as novidades disponíveis para os entusiastas dos jogos temos os Play By Mail que teve seus adeptos no Rio de Janeiro.




Aqui nós vemos um retrato claro da importância desse tipo de publicação para os entusiastas e jogadores da época, o quadro "O Mapa para entrar na aventura", mostra locais para os jogadores comprarem os produtos relacionados se encontrarem para jogar, trocar idéias e conhecer novidades, esses periódicos faziam pelos jogadores o que as comunidades e páginas de redes sociais fazem pelos jogadores da atualidade.

19.9.16

RPG na década de 90 - Matéria da revista Veja sobre RPG e Videogames



A década de 80 foi rica em trabalhos, principalmente televisivos, dedicados as crianças e adultos, vários programas infantis, seções de desenhos animados com viés educativo como Turma do Lambe Lambe com o artista Daniel Azulay, Lupu Limpim Clapla Topo com Lucinha Lins e Cláudio Tovar, desenhos como Heman e Scooby Doo tinham um claro viés educativo, não aquele da educação formal, apesar de também trabalhar elementos deles, mas questões morais, éticas, comportamento, etc.

A década de 90 trouxe novos paradigmas, uma revolução tecnológica que começava a tomar o país, mas no meio dessa revolução, um hobby começou a se destacar e ganhar o gosto da criançada.

Existem centenas de periódicos e publicações que ao longo da década de 90 apesentaram as novidades acessíveis aos jovens brasileiros, dentre elas temos os jogos de videogame os famosos consoles e os jogos de interpretação ou RPG, a sigla para Role Playing Games, dentre a miríade de publicações que servem de base para pesquisadores e curiosos sobre o tema, uma em particular chamou minha atenção e recentemente entrou para meu acervo.

Um dos maiores periódicos do país, a Revista Veja publica em agosto de 1992, como matéria de capa, "Gamemania, A Guerra, O que separa e une as tribos do RPG e dos vídeo games".

A Revista Veja sempre apresentou produtos e serviços, mesmo com um certo tom de criticidade, direcionados a classe média e trabalhou, pela pena da repórter Lívia de Almeida uma fascinante matéria onde explora a relação entre os dois hobbyes, o RPG e os videogames, entre eles os jogos de console e de computador, ambos ainda caros e restritos a uma camada abastarda da sociedade brasileira da época.

A matéria que disponibilizo a baixo serve como retrato, claro, através da leitura de todas as idiossincrasias possíveis para observação do mesmo como direcionamento, orientação e classificação da revista, para pesquisadores e curiosos que queiram mais um documento de referência na busca pela história dos jogos de RPG no Brasil e da sua influência sobre esse mesmo público.

Essa será a primeira de várias postagem com material de época sobre os jogos de RPG no Brasil, fico a disposição de curiosos e pesquisadores para realizar a troca de informações e de material pertinente para proveito mútuo desse que pode se tornar um excelente objeto de estudo.



A imagem de capa já instiga a imaginação e a memória de qualquer jogador veterano que durante a década de 90 viveu o famoso "boom dos jogos de RPG". Miniaturas de chumbo, dragões, magos e Bugbears tomam conta da capa da revista, irresistível para os jovens da época.


O artista gráfico, ilustrador e gamedesigner Daniel Lustosa é o retrato do jovem da época, entre as obrigações da escola e as responsabilidades de casa, o adolescente da década de 90 podia contar com a diversão dos jogos de vídeo game e dos jogos de RPG.



Como diz o ditado, "uma imagem vale mais do que mil palavras". Nas prateleira da loja Clube Terra Mágica (antiga Rua das Laranjeiras 363 loja K no Rio de Janeiro) os RPGs disponíveis na época para publico adolescente, o topo da matéria chama atenção para o reconhecimento dos pais no RPG como incentivador a leitura, que foi a grande fama do RPG até a série de crimes atribuídos erroneamente ao jogo, no final da década de 90, começarem a diminuir sua aceitação.




Os clubes de RPG foram uma resposta não só para disseminação do jogo na década de 90, como uma opção de negócios para lojistas e empresários que começavam a oferecer produtos relacionados. Os participantes geralmente pagavam uma taxa de inscrição e uma mensalidade e tinham mestres e vários jogos a sua disposição nas lojas para poderem conhecer e jogar. É a través desse tipo de evento e espaço que os jogos de RPG começam a ficar tão conhecidos nesse período, o mais curiosos é que hoje, mais de vinte anos depois dos eventos apresentados nessa matéria, os "clubes de jogos" hoje chamados "Encontros de RPG", realizam a mesma tarefa de ensinar e trazer novos adeptos para o jogo, mas sem cobrar taxas e permitindo que as lojas disponibilizem espaço para a realização desses eventos.


Uma das partes mais interessantes desta matéria, é ver e ler a opinião de Osmar Filho, editor da Marques Saraiva, empresa que lançou os livros jogos no Brasil, um verdadeiro fenômeno no período, sobre as publicações e o mercado na época, o tipo de informação que você encontra com muita raridade hoje em dia.


Essas páginas apresentam não só a parte final da matéria, onde já vemos a ação dos primeiros piratas digitais copiando jogos para computador como os preços que eram praticados na época para equipamento, os produtos apresentados aqui nos mostram que tanto o aparelho quanto os produtos relacionados, ainda eram uma novidade cara, disponível apenas para um parcela muito pequena da população da época, o conhecimento técnico e o valor das peças tinham um custo alto.

Centenas de periódicos sobre RPG e afins foram lançados na década de 90, vários clubes como os citados acima, tinham seus próprios fanzines e informativos, folhas A4 fotocopiadas (Xerox) dobradas e distribuídas aos seus membros e ao público. Vamos compartilhar esse material, vamos disponibilizá-los para que pesquisadores, memorialistas e educadores possam trabalhar com o maior número de objetos sobre o tema possíveis, vamos nos ajudar a divulgar e estudar esse material.

Prof. Luciano Mota Bastos

3.8.13

O Fantástico Trabalho dos Professores do curso de História da Estácio O Rolé Carioca!

Para quem não conhece a história do Rio de Janeiro, ou conhece parcialmente, o Rolé Carioca, um projeto da Universidade Estácio, apresenta, em uma linguagem descontraída e divertida "recortes" da história do Rio através dos bairros da nossa cidade onde a história vai se desenrolando! 

Segue aqui o vídeo onde os professores Rodrigo Rainha e William Martins apresentam um pouco da história da Urca, um bairro bem carioca!


Espero que gostem, e fiquem com Deus!

23.3.13

WARGAMECON III vem aí! Jogos para todos os gostos!

Celebrando WargameCon II

Vamos nos preparar para a Wargamecon III. Jogos para todos os gostos: Históricos, Ficção Científica, Boardgames, Miniatures Wargames, Classic Paper Wargames e muito mais! Como fã de Jogos e da própria WargameCon estou esperando ansioso!


Espero que gostem e fiquem com Deus!

19.3.13

Visita ao Museu Histórico Nacional

Turma de História da Universidade Estácio visita o MHN, Museu Histórico Nacional

Bem... para muitos essa postagem é quase desnecessária, conheço uma turma grande que adora o MHN, mas minha turma de História da Universidade Estácio foi fazer a primeira visita em grupo no Museu que é um verdadeiro deleite para o olhos e para mente.

Abaixo segue um vídeo que eu montei para comemorar o momento e incentivar os colegas a participar das próximas visitas em grupo! Pretendo ir com a turma a todos os Museus e Centros Culturais do Rio até o fim do curso que é de 3 anos! Será que vamos conseguir? Afinal de contas, tratam-se de 200 horas de atividades externas!

Para já ir treinando, vou fazer um resumo da história do museu (com base em material de divulgação do próprio museu) e oferecer imagens para curiosos e colegas que queiram incrementar seus próprios resumos.








 As exposições do MHN (as de longa duração) tem ordem cronológica que apresenta de forma ampla a história do Brasil, de sua pré história á atualidade e apresenta um acervo impressionante e empolgante fazendo o visitante realmente viajar no tempo. O trabalho com sons, músicas e projeções eletrônicas, complementam o espetáculo!

Abaixo segue o texto de apresentação das exposições do museu:



Oreretama

Ambientação reproduz caverna do Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí, com desenhos rupestres representando animais. Sambaquis, encontrados no litoral do Rio de Janeiro, alertam para a necessidade de preservação dos sítios arqueológicos e do meio ambiente.
Palavra que em tupi significa "a nossa morada", Oreretama apresenta as populações indígenas, sua cultura, utensílios, mitos e saberes. Acervo e multimídia documentam a cerimonia do Kuarup.


Portugueses no Mundo - 1415 a 1822
Apresenta desde a expansão marítima portuguesa, suas causas e consequências, sobretudo a colonização do Brasil, até a proclamação da Independência por D. Pedro I.
São abordados: o período da união ibérica com Portugal e Espanha governados pela Coroa espanhola; a presença francesa e holandesa nos séculos XVI E XVII; a expansão territorial da colônia: a exploração de ouro e diamante nas Minas Gerais e seu reflexo na estética do Barroco; a contribuição cultural dos negros africanos e seus descendentes na formação histórica brasileira; as transformações ocorridas no Rio de Janeiro e Brasil a partir da chegada de D. João, em 1808, e as causas que levaram à à proclamação da independência.
Multimídia com rotas das navegações portuguesas (1415 a 1557) e a "Carta de Caminha", narrada por Paulo Autran, dinamizam a exposição. Entre as peças de acervo, a moeda "Índio", exemplar único no mundo, cunhada em prata no reinado de D. Manuel I (1495-1521).


A Construção da Nação - 1822 a 1889

Mostra o processo de construção da nação e seus desafios.
São abordados: os conflitos e as soluções sob a égide do Imperador D. Pedro I; sua abdicação e retorno a Portugal; o cumprimento da constituição de 1824; a consolidação do Estado Imperial; a economia baseada na mão de obra escrava; a guerra da Tríplice Aliança; a atuação da Princesa Isabel, a abolição da escravidão, o exílio a partir da Proclamação da República.
O Imperador D. Pedro II é apresentado a partir de três enfoques: o filósofo e suas relação com os avanços artísticos, científicos, tecnológicos; o Imperador por ele mesmo, com frases do próprio revelando seu modo de ver temas como a educação, o dever do Estado, a saúde, etc; e o imperador visto pela imprensa.
Em exposição, exemplar raro da medalha intitulada Peças da Coroação de D. Pedro I, a mesa da Constituinte de 1824, símbolos do segundo reinado e pinturas monumentais como Combate Naval do Riachuelo e O último Baile da Ilha Fiscal.


A Cidadania em Construção - 1889 à atualidade
Aborda a construção da cidadania após a instauração do sistema republicano em 1889. Ser cidadão do significa pertencer a uma comunidade, exercer direitos e deveres políticos, civis e sociais, reconhecer a distinção entre interesses públicos e privados.
Em exposição, o painel síntese da história do Brasil, de Clécio Penedo e o tríptico A República, de Helios Seelinger; a mesa da Constituinte de 1891; retratos de Tiradentes, ; urnas, títulos de eleitor e cédulas de votar, entre outros documentos; uniformes e instrumentos de trabalho, objetos relacionados a educação, saúde, moradia, esporte e lazer. Vídeos com imagens do século XX permeiam toda a exposição.


Farmácia Homeopática Teixeira Novaes
Reconstituição da Tradicional farmácia que funcionou de 1847 a 1983 na Rua Gonçalves Dias, no centro do Rio de Janeiro, e foi doada ao Mudeu em 1987 pela Fundação Roberto Marinho.



Do Móvel ao Automóvel: Transitando pela História
A única exposição de longa duração que permanece no térreo, devido ao acervo de grandes proporções, reúne 27 peças, entre cadeirinhas de arrumar, berlindas, traquitanas e um automóvel do início do século XX.  o protos que pertenceu ao Barão do Rio Branco. Em destaque, veículo da Casa Real portuguesa e da família imperial brasileira.


As Moedas Contam a História
A evolução da moeda no mundo, do século VIIa.C. ao XX, abrangendo praticamente todas as regiões habitadas do planeta. Fornece um panorama da história política, econômica e social.
Entre as peças, uma das primeiras moedas cunhadas, um meio estáter de prata do rei Creso, da Lídia, datada do século VI a.C., moeda romana retratando o Imperador Júlio Cesar de 46a.C. e outra em bronze - 90 dracmas - com a imagem da rainha do Egito Cleopatra VII. Todas as moedas atualmente em circulação, inclusive o euro, também estão em exposição.


Coleção Moedas - Uma Outra História
Recriação de um antigo gabinete de Numismática, mostrando a formação da coleção do próprio Museu, representada por conjuntos de moedas, medalhas, condecorações, papel moeda, selos, sinetes, cunhos e matrizes, além de itens contemporâneos, como cartões telefônicos. 


Pátio dos Canhões
Coleção de Canhões que inclui entre outros, exemplares portugueses, ingleses, franceses e brasileiros. Adequados ao manuseio de portadores de deficiência visual, todas as peças têm legendas em braile.



Exposições Temporárias
Galerias localizadas no térreo da Casa do Trem e ao redor do Pátio dos Canhões destinam-se às exposições temporárias. É só consultar o site do museu!


Espero que gostem e fiquem com Deus!


16.3.13

Inicio do Curso de História - "A História da Estácio"


Este ano retomo minha vida acadêmica como estudante do Curso de Bacharelado em História da Universidade Estácio de Sá, ou simplesmente Estácio.


Como já é de se esperar, minhas expectativas são altas em relação ao curso, e em minha eterna curiosidade não poderia deixar de dar uma olhada na história da própria faculdade. No site da própria Estácio existe uma página dedicada a história da faculdade cujo conteúdo segue abaixo. Mas preferi ir um pouco além do conteúdo apresentado lá (que é bem simples) e para minha enorme decepção quase nada foi registrado ou escrito na REDE sobre a história da faculdade, incluindo fotos dos antigos prédios (na década de 70 até hoje), fica aqui então oque eu pude separar de mais interessante sobre a faculdade!.



Espero que os curiosos como eu gostem!



*          *          *

SOBRE A ESTÁCIO


Como parte importante da história da educação no Brasil, a Estácio tem como foco promover a formação e ascensão profissional dos alunos através de uma educação de qualidade, contribuindo para o desenvolvimento sustentável das comunidades onde atuamos.
A Estácio é uma das melhores instituições de ensino superior do Brasil, com mais de 270 mil alunos, presente em todas as regiões do país e com mais de 40 anos de atuação. O grupo educacional tem hoje Universidades, Centros Universitários e Faculdades, distribuídos em 19 estados.
A Estácio oferece cursos de graduação (bacharelado e licenciatura), graduação tecnológica e pós-graduação, nas modalidades, presencial, a distância e a distância semi-presencial.

          • Cursos com foco no mercado de trabalho;
          • Infraestrutura moderna e recursos tecnológicos de ponta;
          • Programas alinhados com instituições internacionais;
          • Currículos integrados nacionalmente;
          • Intercâmbio de alunos e professores entre as diversas unidades em todas as regiões 
            do país.



LINHA DO TEMPO

1970
Nasce a Faculdade de Direito Estácio de Sá, em uma pequena casa na zona norte do Rio de Janeiro. Seu fundador, o magistrado João Uchôa Cavalcanti Netto, cria um projeto pedagógico inovador, conseguindo, em pouco tempo, que o curso se torne um modelo de ensino na área de Direito no Brasil.
1972
A Faculdade de Direito Estácio de Sá transforma-se em Faculdades Integradas Estácio de Sá, incorporando novos cursos de ensino superior.
1988
A Estácio conquista o status de Universidade e começa a crescer no município do Rio de Janeiro.
1996
A instituição ultrapassa os limites municipais, com a criação das unidades de Resende, Niterói e Nova Friburgo, no estado do Rio de Janeiro.
1997
Lançamento da graduação tecnológica, com cursos focados em nichos específicos do mercado.
1998
Início da expansão nacional, com a criação do primeiro Conselho de Integração Social, órgão criado para estreitar as relações do grupo com a sociedade civil, e implantação da primeira faculdade privada de medicina do Nordeste.
1999
Abertura do capital na Bolsa de Valores.
2008
Os sócios-fundadores associam-se à GP Investments na gestão da Estácio.

   
     2009      A Estácio começa a oferecer cursos na modalidade de Ensino a Distância (EAD).

2010      O Material Didático gratuito chega a todo Brasil.

2011      A Estácio inova mais uma vez e o Material Didático passa a ser distribuído em  
              um tablet, sem custos. O projeto inicia com os novos alunos de Direito do RJ e é 
              expandido no ano seguinte. 

*          *          *
Bem... fazendo uma pesquisa rápida sobre a história da Estácio, descubro que o mais polêmico de todos os elementos que constituem a história da Universidade é seu fundador, o Sr. João Uchôa, que para dizer o mínimo, é um homem polêmico e cheio de contradições sérias.
Em entrevista a Folha Dirigida (gostaria de ressaltar que em pesquisa no site do Jornal não encontrei a matéria) e replicada em vários site pela rede, o polêmico Uchôa afirma que "pesquisa é uma inutilidade pomposa".

Essa afirmação danosa não só vai contra a própria proposta de ensino, base da formação de qualquer instituição voltada para o mesmo, como é insultante (na minha opinião) para todos os pesquisadores de qualquer área de conhecimento que contribuem diretamente com sua "inutilidade" para desenvolvimento social, cultural e científico da humanidade. 
Importante lembrar que devemos ler toda a matéria antes de julgar o Sr. Uchôa unicamente por esse frase infeliz. (Além da polêmica entrevista não vou levar em conta o histórico de insatisfação e débito da instituição para com funcionários descontentes ao longo de sua história, pois esse assunto é ainda mais polêmico e foge muito da proposta desta postagem, mas merece aqui ser lembrado).

Considero no mínimo "peculiar" esse depoimento e acredito que se pararmos fara fazer uma reflexão sobre o assunto veremos que a instituição Estácio de Sá passou a caminhar numa "estrada diferente" da de seu fundador original, oferecendo cursos de formação e pós-graduação onde a pesquisa é justamente a ferramenta que permite e valida tais trabalhos.

O texto na integra segue abaixo.

*          *          *
João Uchôa: "pesquisa é uma inutilidade pomposa"

João Uchôa Cavalcanti 1933-2012

Fundador da Universidade Estácio de Sá, João Uchôa Cavalcanti Netto aborda com franqueza temas polêmicos e diz que a ignorância pode ser uma opção que tem de ser respeitada.

Os conceitos sobre educação do fundador da universidade que mais cresceu no país nas últimas três décadas são, no mínimo, polêmicos. Juiz de formação e discípulo do banqueiro Amador Aguiar, de quem foi office boy e "pajem", João Uchôa Cavalcanti Netto, 68 anos, acha que a ignorância é um opção que deve ser respeitada e que a pesquisa é uma "inutilidade pomposa". Entretanto, está à frente de uma universidade que tem 90 mil alunos e 30 unidades espalhadas pelo país, número que, em março de 2002, estará defasado, se o projeto de implantação de uma filial da Estácio de Sá além das fronteiras brasileiras obtiver êxito.

Quem tem formação apurada não chega ao topo do comando de sua universidade, uma gigante do ensino fundada em 1970 com 160 alunos de Direito e que, hoje, abriga uma comunidade de cerca de 150 mil pessoas, entre alunos, funcionários e professores. "Na cúpula da Estácio, quem tem mestrado e doutorado não entra. Isso é uma regra". E esta é apenas uma das muitas tiradas de impacto de Uchôa, um empresário que atribui o êxito à sorte e que, sem rodeios, admite seu desinteresse pela educação, pela cidadania e pelo Brasil. "Eu estou interessado é na Estácio".




FOLHA DIRIGIDA: O MEC inaugurou sistemas de avaliação nos dois últimos governos que têm dado uma nova diretriz, novas referências para o ensino superior. Qual o impacto do Provão sobre as universidades?

JOÃO UCHÔA: Eu acho que o Provão é uma avaliação que precisava ser feita. Alguém precisava avaliar. Eles escolheram o Provão. É o melhor critério? Se não for, com o tempo vai ser aperfeiçoado. Agora, que não existia critério nenhum de aferição, não existia, e agora existe, o que é muito bom. A melhor coisa que o setor privado pode querer é ser sempre avaliado pelo setor público, pois quando o MEC avalia o nosso trabalho, ele está nos prestando um serviço, que é o de fiscalização. Eu preciso de um fiscal, o MEC é de graça, e ele está fiscalizando para mim. É o melhor critério? Não, deve haver 10 mil critérios melhores e 20 mil piores. Mas é um critério e, para quem não tinha nenhum, é um passo. É muito comum a gente ser negativo e destrutivo. Onde não existia nada e passa a existir alguma coisa é melhor do que quando não existia nada. Sobretudo quando a gente gostaria de ser fiscalizado, como é o nosso caso.

FOLHA DIRIGIDA: Qual o principal problema enfrentado hoje pelas instituições privadas de ensino?
JOÃO UCHÔA: Eu acho que o problema é o de qualquer ramo da atividade privada, que é melhorar a qualidade do produto, ser cada vez melhor. O que eu acho que está havendo mesmo é que, num mundo que está todo ele em transformação, o ensino também está em transformação, mesmo que a gente não queira e não saiba para onde ele está se transformando. Mas esta é a dificuldade normal de quem faz alguma coisa. Quem faz alguma coisa tem que encontrar alguma dificuldade e nós encontramos a dificuldade da natureza. Eu diria que são dificuldades da natureza. Nós precisamos melhorar o ensino, que é o nosso produto, e adequá-lo a um mundo que muda todo dia. Como fica difícil todo dia ter uma coisa adequada, esta é a dificuldade do ensino.

FOLHA DIRIGIDA: E como a Estácio tem feito para se ajustar ao ritmo imposto pela novas tecnologias?
JOÃO UCHÔA: Trabalhando 24 horas por dia. Trabalhando sábado, domingo, todo mundo trabalhando intensamente. A hora que você chegar vai estar todo mundo trabalhando. É a única coisa que a gente podia fazer: prestar atenção e trabalhar. É o que a gente tem feito.

FOLHA DIRIGIDA: Em qual dimensão as novas tecnologias têm auxiliado a Estácio no desenvolvimento de seu trabalho?
JOÃO UCHÔA: Eu não tenho computador, eu não tenho telefone celular, eu não tenho aparelho de som sofisticado, eu não tenho fax. Eu não tenho nada disso porque não gosto, mas a Estácio tem. Aqui dentro da minha sala eu não gosto, não uso e não acho necessário.

FOLHA DIRIGIDA: A tecnologia não faz falta no desenvolvimento do seu trabalho à frente de uma grande universidade?
JOÃO UCHÔA: Eu não só acho que não faz falta. Eu acho que atrapalha. Eu acho que é muito ruim. Eu acho que quando eu era moço a dificuldade era colher informação. A gente não tinha muito onde se informar. Hoje, que eu estou ficando velho, a dificuldade é eliminar informação. Há uns caras aí com computador que têm um bilhão de informações para ele, só que ele não precisa. Quando vem a informação que ele precisa mesmo, não tem mais espaço na cabeça dele. Está tudo lotado. Então eu acho que não precisa disso. É claro, eu preciso de um computador para cadastrar gente, e isso eu tenho. Aliás, eu acho que a Estácio, no Rio de Janeiro, é a instituição de ensino que tem os mais sofisticados equipamentos. Acho que nenhuma faculdade é igual à nossa em sofisticação. Eu acho que para execução, para operação, essa tecnologia é importante, até para o ensino. Para o uso diário, para a administração superior, eu acho que é daninho, é ruim. Quando eu vou conversar com outro empresário e ele abre um laptop, eu já acho que ele é de segundo time.

FOLHA DIRIGIDA: O desempenho do Brasil é muito baixo nos indicadores educacionais e ainda há um volume preocupante de analfabetos. O que pode ser feito para mudar esse quadro?
JOÃO UCHÔA: O analfabetismo não é um problema com o qual eu lide. Por exemplo, eu acho que se o Brasil amanhã começar a ter muita gente fazendo mestrado, doutorado, pós-doutorado, MBA, eu acho que vai ser muito. Acho que é péssimo para o país e para as pessoas. É um mito que todo mundo precise estudar. Isto não é verdade. A pessoa pode ser analfabeta e ser uma pessoa muito expressiva, muito inteligente, muito bem sucedida. E pode ser um pós-graduado e ser uma besta completa. Eu não acho que seja necessário esse estudo todo.

FOLHA DIRIGIDA: A educação não faz falta?
JOÃO UCHÔA: A educação mínima ofertada faz falta, mas não para todos. Eu trabalhei com o Amador Aguiar, que fez o Bradesco e não tinha o segundo grau. Para ele não fez falta.

FOLHA DIRIGIDA: Não são exceções?
JOÃO UCHÔA: Mas exceção existe, também conta. E se ele tivesse o segundo grau? Talvez não fizesse o Bradesco, fosse advogado do Bradesco. Eu acho que essa questão de educação é muito exagerada. Teve um menino em São Paulo, estudante de Medicina, que pegou uma metralhadora e metralhou todo mundo num cinema. Aí foram interrogar o pessoal na rua, vira uma senhora e diz “enquanto não houver educação no Brasil...” O cara fazia Medicina. Eu acho que já é um jargão. Educação, saúde, transporte... Há frases que as pessoas ficam falando e não sabem por quê. Se você chega no Nordeste, em certas regiões, tem um menino trabalhando com 12 anos, e minha origem é de lá, aí vem o cara com a educação e diz que ele tem que ir para o colégio. Não tem que ir para o colégio não. Ele pode não ir para o colégio e estar muito bem.

FOLHA DIRIGIDA: O analfabeto é analafabeto porque quer?
JOÃO UCHÔA: Não, não é analfabeto porque quer, como às vezes, a gente também não é advogado porque quer. Como é o meu caso, eu não me formei advogado porque quis, eu arranjei emprego no Fórum e acabei indo para Direito. Mas, se em vez do Fórum, fosse para o Ministério da Marinha, talvez hoje eu fosse um oficial da Marinha. Esse livre-arbítrio é muito relativo. E acho que o cara não é ignorante porque quer, mas quem disse que ele quer ser culto? Ele pode não querer ser culto e a gente vai lá e quer obrigar que ele seja culto. E se ele não quiser? Nós temos que impor, porque ele tem que querer. Onde já se viu não querer estudar? Mas o cara tem direito de não querer estudar. Eu tenho quatro filhos e só um que se formou, três não se formaram, não senti nada, não aconselhei nenhum a estudar. Se nenhum quisesse estudar, para mim também era muito bom. O cara está aí para levar a vida que ele gosta, para ser feliz do jeito que ele gosta, a realidade da vida não é estudar. Estudar é uma opção, quem quiser faz, quem não quiser não faz e não fica pior porque não fez.

FOLHA DIRIGIDA: As pesquisas de desenvolvimento também revelam que muitas doenças letais estão associadas à falta de educação.
JOÃO UCHÔA: O que eu conheço de escravo com 120 anos, a maioria é tudo ex-escravo, 120 anos. Outro dia no Peru tinha um com 156 anos, um índio peruano. Agora, o que tem de empresário morrendo aos 40 anos de enfarte... É uma mentira. Essa pesquisa é mentira. Quem o enfarte mata? Cara bem-sucedido. Não acho que dá mais doença no pobre do que no rico, nem acho que o rico se trate melhor do que o pobre, porque eu acho a Medicina tão ruim hoje, que o rico não leva vantagem nenhuma. Cada um tem sua cabeça e eu estou sendo franco dizendo a você o que eu penso.

FOLHA DIRIGIDA: Em 30 anos a Estácio passou de 166 alunos para 90 mil e, hoje, é uma das universidades que mais crescem. Qual é a receita deste sucesso?
JOÃO UCHÔA: Eu acho que a gente trabalha muito e tem um regime de trabalho com muita independência, muito pouco centralizado. Eu acho que ela cresce porque eu não centralizo. Eu acho que essa distribuição do poder dentro da Estácio faz ela crescer. Aqui não tem um comando central, é muito distribuído. Temos uma maneira de trabalhar que é muito peculiar da Estácio. É possível que tenha sido isso que fez a gente crescer, ou então, pode ser que seja sorte.

FOLHA DIRIGIDA: Qual o significado da palavra sorte no dicionário dos negócios?
JOÃO UCHÔA: Existe sorte em tudo, nos negócios, na saúde. Pode ser o nosso caso. Pode ser que a gente tenha crescido por acaso. E aí eu fico atribuindo a essa ou aquela causa. Pode ser por uma causa que eu ignoro, pode ser que a gente cresça por uma coisa que eu nem sei direito por que foi, mas a verdade é que cresceu mesmo e foi a que mais cresceu.

FOLHA DIRIGIDA: O que levou o senhor a transferir seu campo de interesse da Justiça para a educação?
JOÃO UCHÔA: Eu não me interessei pela educação e nem acho que eu seja uma pessoa muito interessada em educação. Eu sou interessado na Estácio de Sá, isso é que é importante. Estou interessado no Brasil? Não, não estou interessado no Brasil. Na cidadania? Também não. Na solidariedade? Também não. Estou interessado na Estácio de Sá.

FOLHA DIRIGIDA: A Estácio de Sá não é cidadã, não é solidária, não é brasileira?
JOÃO UCHÔA: A Estacio de Sá é uma instituição que quer dar o melhor ensino possível às pessoas, para elas fazerem desse ensino o uso que quiserem. Isso é a Estácio de Sá.

FOLHA DIRIGIDA: As universidades privadas não se destacam em pesquisa. Por quê? Como são as relações da Estácio com a pesquisa?
JOÃO UCHÔA: As pesquisas não valem nada. A gente olha todo mundo fazendo tese, pesquisa e tal, mas não tem nenhuma sendo aproveitada, raríssimo, é uma inutilidade pomposa, é uma perda de tempo federal. Aquilo ali vai dar um monte de título para o cara, ele vai arrumar um emprego bom e vai trocar cartãozinho com o outro que pesquisa também e fica aquela troca de reverência, para um lado e para o outro, mas a pesquisa em si não vale nada. As faculdades privadas não fazem pesquisa porque não querem jogar dinheiro fora. Estou hoje trabalhando muito, a gente estava com 137 pesquisas em andamento, não tinha uma que prestasse. Parei todas elas e vamos começar a fazer pesquisa útil. E o que é pesquisa útil? É aquela que pode ser aproveitada pelo homem comum.

Fonte | Folha Dirigida: http://www.folhadirigida.com.br/

Fonte | Folha de São Paulo: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1116630-joao-uchoa-cavalcanti-neto-1933-2012---de-reporter-a-dono-de-universidade.shtml

Fonte | Brasil247: http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/69392/

Fonte | Blogs: http://oglobo.globo.com/blogs/juridiques/posts/2012/07/12/joao-uchoa-cavalcanti-netto-um-mito-454939.asp

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Espero que gostem e fiquem todos com Deus!

9.10.11

HISTORIA DOS JOGOS DE RPG - 3° Parte

  



HISTORIA DOS JOGOS DE RPG

Do Wargame ao live-action


Influências históricas e culturais
na sua construção.

3° Parte



Por Luciano Mota Bastos

Neste ponto do trabalho, apresentamos o surgimento dos clubes de wargame e das associações de clubes de wargame, berço dos primeiros periódicos e das CONs, as famosas convenções de jogos, ambos foram influentes fontes de inspiração para o surgimento dos RPGs, como vamos ver adiante, e de onde surgiu a GenCon que possibilitou o encontro das “duas mentes” por trás do lançamento do primeiro RPG do mundo.

            Na segunda guerra mundial os jogos de guerra tornaram-se tão populares na Alemanha que passaram a ser usados sistematicamente nas simulações de operações táticas e estratégicas, mas já antes da 2° GM, nós já vimos o registro dos primeiros Wargame Clubs, esse surgimento somado ao aumento do número de adeptos e das empresas de jogos e miniaturas foi responsável por crescimento substancial do hobby nos EUA.

            Nos Estados Unidos esses wargames foram encarados com certa desconfiança pelos militares, mas o público civil, que começou a se divertir com os jogos de guerra, promoveu um notável processo de aperfeiçoamento produzindo nos mínimos detalhes as condições reais de grandes batalhas da história antiga e moderna. Graças a esse movimento conquistaram em pouco tempo um enorme número de adeptos e entusiastas.

O número de clubes de wargame cresceu de uma maneira tão consistente, que periódicos e revistas especializadas, começaram a ser publicadas, não só os novos clubes podiam agora ter acesso as novidades como os hobby shops, mas as lojas que vendiam os wargames podiam fazer suas propagandas. Novas empresas de fabrico de miniaturas e wargames começaram a ser criadas e já nessa época, verdadeiros imortais dos jogos começaram a surgir. Esse é mais um elemento na trajetória dos wargames que seria responsável pela criação dos RPGs, nesse ponto, vamos poder ler sobre o surgimento de empresas que lançaram as primeiras regras de combate medieval, o que acabou levando dois jovens a escrever o primeiro set de regras para jogos de Guerra com Miniaturas e com elementos de fantasia.


Charles S. Roberts e a Avalon Hill

Mas uma das mais importantes contribuições feitas por um indivíduo para a popularização dos jogos e dos jogos de guerra é criação dos primeiros jogos de tabuleiro comerciais da história vendidos nas clássicas caixas de cartonado, esse segmento do mercado de entretenimento foi criado por um homem simples de mente brilhante chamado Charles Swann Roberts ou simplesmente Charles S. Roberts o “pai dos jogos de guerra de tabuleiro”.

Roberts é conhecido como um empresário empreendedor e pioneiro, norte americano, ele criou o jogos de tabuleiro modernos, o primeiro a criar uma linha de jogos comercias e vende-los para o grande público, mas a história do seu trabalho e a contribuição da sua empresa a Avalon Hill games foi muito mais importante na história dos jogos de RPG do que é de conhecimento geral, seus jogos atraíram milhares de entusiastas e sua empresa publicou jogos imortais como o Tatics e o Outdoor Survival, mas vamos um pouco de sua história.


Charles S. Roberts, (1930 – 2010), homem de negócios e Designer de Jogos criou em 1952 o primeiro wargame moderno (um jogo de tabuleiro de guerra) e a primeira companhia de jogos de guerra do mundo. É importante lembrar que até esse momento, o público não contava com o suporte de empresas dedica aos jogos de guerra, vários wargame clubs e seus associados desenvolviam seus conjuntos de regras e muitas empresas produziam os soldados de brinquedo, que deram origem as modernas miniaturas de guerra, mas até 1952 uma empresa dedicada a esse mercado não existia, na verdade a Avalon Hill Games deu inicio a esse mercado.


Roberts criou seu primeiro board wargame Tactics em seu apartamento em Catonsville, Maryland em 1952, mais tarde, já em Avalon também Maryland, ele começa a vender por correio - num negócio de garagem – seu jogo Tactics com nome The Avalon Game Company que em 1958 se tornou oficialmente Avalon Hill. Já sobre o selo da Avalon Hill ele lança seu Tactics II que não só melhora as regras do seu predecessor e amplia as opções estratégicas, como introduz a conhecidíssimas tabelas de resolução, que ficaram famosas não só nos wargames e boardgames como no jogos de PRG, Rolemaster que o diga!




Fig.26 - Alguns logos da Avalon Hill em diferentes fases.

Fig.27 - Caixa do Jogo Tactics II – 1958
       
      Como vimos, a Avalon Hill games deu inicio ao mercado de jogos de tabuleiro comerciais em larga escala e deu inicio aos jogos de guerra de cartonado, os famosos wargames de papel, como são conhecidos no Brasil. O designer de Jogos, entusiasta e estudioso dos jogos de guerra e criador da WargameCon e do Castelo das Peças, dois dos mais antigos e conhecidos eventos de wargames e boardgames no Brasil, Antonio Marcelo,  (veja Riachuelo Games, www.riachuelogames.com.br), costuma brincar que os wargames de cartonado são os “jogos de guerra de papelzinho” e afirma que os jogos de guerra tiveram um impacto enorme no mercado de jogos desde a sua criação.

Mas existe muito mais do que sua influencia no mercado de jogos e uso das tabelas de resolução na mecânica dos jogos de RPG no trabalho da Avalon Hill, pois em 1972 ela lança o Outdoor Survival, um jogo de sobrevivência em ambiente selvagem onde escoteiros, tem que enfrentar encontros com animais selvagens, sede, fome e outras adversidades, esse jogo foi importante por causa de seu mapa hexagonal, que era usado pelos primeiros jogadores de Dungeons & Dragons para representar o terreno de jogo e seu movimento através de terras selvagens, alem das regras de movimentação e racionamento das refeições de viagens, hoje conhecidas no Brasil como “kit do aventureiro feliz”. Na primeira edição do Dungeons & Dragons, dentro do primeiro livreto regras Men & Magic, na página 5 podemos ler: 



Fig.28 - “Equipamento recomendado: Dumgeons and Dragons (você tem ele!)

Outdoor Survival (disponível no seu revendedor de jogos ou direto pela Avalon Hill Company, 4517 Harford Road, Baltimore MD 21214)...”


Ou seja o jogo era indicado diretamente pela TSR para ser comprado e usado junto com o Dungeons & Dragons, na época Dungeons and Dragons.


Abaixo vemos algumas imagens do Outdoor Survival, quem olha para essa caixa nem imagina que o jogo teve um papel tão importante na história dos jogos de RPG.
 


Fig.29 - Caixa do Outdoor Survival 1972, um ano depois o primeiro RPG do mundo, Dugeons e Dragons seria lançado




Fig.30 - As peças componentes do Outdoor Survival, (reparem na semelhança dos mapas dos cenários clássicos dos jogos da TSR.

Outro importante elemento da cultura de jogos desse período foram as revistas especializadas que começaram a surgir depois de 1952, mas antes disso e dentro do modelo das modernas revistas de Hobby Games produzidas depois da segunda guerra mundial a 1° lançada é a revista The General (O general de 1964) que foi publicada inicialmente pela Havalon Hill games como revista de suporte aos jogos de guerra da Avalon Hill, era publicada bimestralmente e foi em parte o modelo pelo qual os demais periódicos de Wargame foram publicadas nesse período.

Fig.31- Capas de algumas fases da The General da Avalon Hill

          Mas ainda não temos uma ligação direta desses periódicos com a história do RPG certo?... errado! a Strategy & Tactics começou sua vida como um fanzine escrito por Chris Wagner (que trabalhou como sargento auxiliar da Força Aérea Americana no Japão), já de volta aos Estados Uniados, Wagner publicou sua revista para ser uma concorrente da revista O General da Hanvallon Hill Games, mas em 1969 a revista passava por sérios problemas financeiros, então Jim Dunnigan aceitou assumir a revista fundando a Simulations Publications, Inc. (SPI) uma das mais importantes empresas a divulgar e criar jogos de guerra e que passou então a publicar a S&T. Mas o curioso na história da S&T é que Dunnigan pagou a Wagner a quantia de 1(um) dólar pelos direitos de publicação da revista, essa história aparentemente absurda foi confirmada por Wagner num entrevista apresentada na S&T n° 83 com título, “The Kaiser's Battle”.

A Simulations Publications Inc ou SPI

           A SPI agregou muita diversão com diversidade aos jogos de guerra, somou esforços com a literatura fantástica, ficção científica e horror para produzir as mais variadas linhas de jogos, dês de os jogos de esportes aos jogos de ficção num futuro distante. Vale apena erguer aqui um altar a SPI sua fantástica colaboração ao Hobby, a popularidade da SPI era tão grande na década de 70 que a empresa produziu um infomercial, que segue abaixo, para promover o jogo, até hoje é muito amada pelos jogadores que a conheceram ou pelos jogadores atuais que ainda compram e colecionam seus jogos nos leilões virtuais ou lojas especializadas.

 Infomercial SPI de 1976

Mas continuamos nossa historia falando da S&T, mas qual a importância em se falar da Strategy & Tactics? Ela se dá pelo fato de que uma publicação da revista na década de 60 aguçou o interesse de Feff Perren, amigo de Gary Gygax e membro da International Ferderantion of Wargaming e levou a publicação do Chainmail como veremos mais a frente.

        A International Federation of Wargaming (IFW, ou Federação Internacional de Jogos de Guerra) foi fundada por Ernest Gary Gygax, Bill Speer, and Scott Duncan em 1966, originalmente chamada The United States Continental Army Command, ela era uma organização que agrupava vários clubes de wargame locais como, Lake Geneva Tactical Studies Association e a Midwest Military Simulation Association.

Fig.32 - Reunião da IFW, prévias da GenCon, década de 60


A IFW era dividida em capítulos cada um com interesses específicos como a  Castle & Crusade Society, que promovia os jogos de guerra medievais, e a Armored Operations Society, que tinha ênfase nos jogos de guerra da II Guerra Mundial.


The IFW organizou a sua primeira convenção anual em Malvern, Pennsylvania em julho de1967, também publicou uma revista chamada The Spartan (O Espartano de 1969) que maios tarde se chamaria International Wargamer. Também patrocinou a convenção antecessora a GenCon. A IFW ajudou aos jogadores a compartilharem suas idéias e promoveu encontros de jogadores de diferentes partes do país, ela continuou ativa até 1974.

A Lake Geneva Tactical Studies Association (LGTSA) foi um proeminente clube de jogos de Guerra ativo em Lake Geneva, Wisconsin durante a década de 60 e 70. Seus membros incluíam os acima citados, Gary Gygax, Terry and Rob Kuntz, Jeff Perren, Mike Reese, Leon Tucker, e Don Kaye. A organização reunia-se semanalmente no porão da casa de Gygax e produziu um set de regras de miniatura de nome LGTSA (mesma inicial do grupo) que foi incialmente publicado em sua revista interna a Domesday Book (que nunca foi impressa além de 80 cópias) e que depois de ampliada e revisada por Gygax e Perren foi lançada pela Guidon Games como Chainmail em 1971.


Mas um fato importante que passa desconhecido na história do Chainmail é que o que levou Perren e Gygax a escrever Chainmail foi interesse de ambos pelas batalhas de figuras medievais, principalmente da idade das trevas e o lançamento de um conjunto de regras na revista Strategy & Tactics chamado Siege of Bodenburg, criado por Henry Bodenstedt, ele foi um dos primeiros conjuntos de regras dedicados as miniaturas medievais, no caso as miniaturas produzidas pela Elastolin Miniatures e manufaturadas pela O&M Hausser. É Interessante perceber como o lançamento desse set de regras foi importante, porque foi graças e ele que Gygax, assediado por seus colegas principalmente Perrenm, desenvolveu as regras de combate medievais da LGTSA e lançou o Chainmail. O Sige of Bodenburg foi tão influente que o mapa do castelo da aventura Village of Hommlet 1979, foi baseado no mapa do Siege. Abaixo nós vemos o fantástico apelo visual do cenário do jogo (primeiro a ser lançado assim em 3D pronto para jogar) e das peças da Elastolin.

Fig.33 - O Modelo em 3D do castelo do jogo Siege of Bodenburg 1967. Um verdadeiro castelo pronto para o jogo, o primeiro modelo pronto do gênero.

Fig.34 - Revista Strategy &Tactics 1967 número 6. Apresentação do set de regras para miniaturas medievais com peças da Elastoilen do Siege Of Bodenberg.

  Fig.35 - A influência do Siege of Bodenburg foi tão grande na publicação do Chainmail que vemos aqui uma foto do interior do livro de regras do Chainmail, mais precisamente página 7, onde podemos ver no detalhe a base e o portão do castelo do modelo do Siege (retâmgulo vermelho).

Fig.36 - As miniaturas da Elastolin, muitas seriam usadas nos primeiros jogos de RPG e serviriam de modelo pela qual as próximas gerações desenhariam suas peças.

Bem... até aqui vimos a importância dos jogos de guerra e da formação dos Clubes de Jogos de Guerra, vimos como as revistas e trabalhos como os da Avalon Hill abriram caminho para um mercado de Hobbye Games e como isso influenciaria as pessoas e permitiria o nascimento do D&D. Na próxima parte vamos ver o surgimento da Gencon, da literatura de fantasia e a união entre cenários fantásticos e os jogos de guerra, berço dos jogos de PRG.